quinta-feira, 29 de março de 2012

O HÁBITO DE RESPONDER DE MODO VIOLENTO...

UMA POSTAGEM SOBRE O DESRESPEITO E O MODO VIOLENTO E ESTÚPIDO DE FALAR...

Hoje um estudante me chamou de palhaço...

Entrei em sala de aula, fiz a chamada, e, imediatamente, passei a retomar a aula passada, dizendo que isso seria feito de modo muito rápido porque teríamos de tratar de um assunto bastante polêmico (tratava-se do conceito de populismo)...

Enquanto eu falava, um dos estudantes levantou a mão.

Pensei que ele quisesse fazer uma pergunta e me coloquei a disposição, dizendo: “Pois sim!!!”.

Então, ele disse, de modo ríspido, interrompendo todo o encadeamento mental que eu estava fazendo: “sai da frente, quero copiar a matéria do quadro...” – o professor do período anterior havia deixado o quadro de giz lotado de conteúdo...

Então eu lhe disse: “Você nem precisava interromper a aula por causa disto. Eu já ia sair da frente, e, além do mais, estamos agora no período de Geografia e eu terei de apagar o quadro...”...

Dito isso, pus-me a apagar o quadro.

Quando concluí, ouvi, do mesmo estudante: “terminei de copiar!!! Consegui, palhaço!!!”...

Virei imediatamente e fitei-o...

Ele entendeu que havia “pisado na bola” e disse: “Foi mal, professor, perdão!!!", e continuou: "É que eu estou acostumado a falar assim com os meus 'parceiros'...”...

Disse-lhe, então: “Pois é... Só que eu não sou nenhum dos teus 'parceiros', sou o teu 'pro-fes-sor'...”...

Novamente ele se desculpou... Entendi que ele realmente tinha se arrependido e prossegui a aula partindo do ponto onde havia parado.

A experiência me fez retomar uma impressão antiga que eu tenho a respeito do comportamento impulsivo de alguns jovens adolescentes: eles estão tão acostumados a certas "respostas padrão" que, em muitos momentos, não conseguem se sair de forma inteligente (no melhor sentido piagetiano) de determinadas situações...

Trata-se de um hábito, no melhor e mais significativo sentido do termo. Trata-se de algo que eles vestem e tomam para si: um comportamento, uma atitude e uma resposta, invariavelmente, violenta, ou, no mínimo, pouco amistosa.

Lembrei também da palestra do Dr. Dr. Manfred Spitzer, que assisti, em 2007, na PUCRS... Na preleção, o doutor em filosofia e medicina (por isso o Dr. Dr.) mostrava os resultados de uma rigorosa pesquisa, através da qual ele concluiu que, em virtude de a Mídia (gosto de escrever, nestes casos, Mídia com “m” maiúsculo, porque engloba todas as mídias) só veicular violência, a resposta dos jovens era também violenta, na maioria dos casos. 

Na verdade, segundo o neurocientista80% do que a Mídia veicula é violência, e, justamente por isso, em 80% das vezes, os jovens acabam respondendo de forma violenta a estímulos dos mais variados...

Vou passar a trabalhar, também, no sentido de conscientizar meus alunos a respeito disso...

Reflitamos...

Nós precisamos em nosso pobre país de uma Educação para a Paz!!!

Nós precisamos em nosso pobre país, cada vez mais, de uma Comunicação não Violenta!!!

SABER "DE ONDE VENHO" POSSIBILITA O MEU "PARA ONDE VOU"...

ESTA POSTGEM É SOBRE O "DE ONDE VENHO" E "PARA ONDE VOU"...

Como professor, vejo e ouço cada coisa...


Hoje, na aula, falando sobre fronteira e limite, dei o exemplo dos cânions da “Serra Geral” e dos “Aparados da Serra”, que perfazem parte dos limites entre os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Neste momento, um aluno me perguntou: “professor, quem nasce em Santa Catarina é o quê?!”. Ao que respondi: “catarinense”.

Ele redarguiu: “Então, eu sou catarinense”. “Muito bem!!!”, disse eu, e acrescentei: “Tu nasceste lá?”.

E ele respondeu: “Sim!”. Perguntei-lhe: “Em que cidade?!”. E ele, de pronto: “Não sei!!!”.

Achei tremendamente estranho um jovem não saber a cidade na qual nasceu...

Com estranhamento, prossegui a aula...

Minutos depois o estudante me disse: “Professor!!! Descobri!!! Já sei onde eu nasci!!!”. “Onde?!”, perguntei-lhe... 

“Xanxerê!!!”, respondeu ele...

Fiquei pensando: “Como há minutos atrás ele não sabia e agora ele sabe? Ele só pode estar de brincadeira. Então, perguntei-lhe acerca disso, pois ele parecia confuso, apesar de minha hipótese.

Ele disse: “olhei na minha carteira de identidade!!!”...

A história acima descreve bem como é parte da juventude atual...

Não tenho tempo para desenvolver o assunto de maneira profunda, tal qual este tipo de situação-problema requer.

Mas, tenho uma teoria para essa falta de conhecimento com relação às origens por parte de muitos de nossos jovens. Tenho para mim que a maior culpada disso tudo é a Mídia, com “m” maiúsculo, que são os filmes, a televisão, as músicas, os games de computador e videogames, os livros, os outdoors, a Internet, novelas, seriados, o Youtube (esse é de matar pela superficialidade de muitos dos "youtubers"), enfim, tudo o que é mediado por nossos “ilustres” diretores e artistas atuais...

Porém, este post serve apenas para que eu coloque o meu espanto com a situação, qual seja, a de um jovem não saber a sua origem...

Em outro momento, apresento o que realmente penso a respeito, e de forma fundamentada.

Por enquanto, digo somente que a Mídia quer mesmo isso: que nossos jovens não saibam de onde vêm, pois, assim, eles também não saberão para onde vão...


Reflitamos...   

Precisamos de uma Educação que prime pelo onde; e isso é Geografia!!!